terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Mundo Quadrado

Meu mundo agora é um quadrado,
Grande, branco, telhado.
Com uma janela que abre pro lado de fora,
E nenhum bite me consola.

Da janela vejo imagens irreais,
Pessoas e bichos, bichos e pessoas.
No silêncio escuto um ser que canta de dia
Trazendo os sons das coisas boas.

Do nada, um barulho moderno
Encobre o sabor do vento,
E na escuridão causada
O tempo para, passa, para lento.

Abre-te caixa, abre-te mais tarde
Na última luz eu fugirei.
Sei, dirás noutra hora
Tal qual à caixa sairei.

Ecos

Pior que a solidão da alma
E a ausência dos versos,
É viver distante, estando em ti
Um ser partido em dois universos.

Pior ainda, é ouvir
Os ecos do teu silêncio,
Partidos de um coração preso
Sem luz, sem firmamento.

Convite

Vamos!
Qualquer desses dias,
Tomar banho de chuva,
De bica e de alegria.

Dê-me!
Tua mão molhada,
Corra desesperado,
E escorregue descalçado.

Vem logo!
Felicidade!
Já vai pingar!

Ai que frio!
Abrace-me cansado,
Beije-me molhado,
Até a chuva passar!

Alma das Letras

As letras têm almas
E as palavras são seus paraísos,
Sentido é salvação
À quem de amor está ferido.

As letras têm almas,
Estas assombram os enamorados,
Pois que do coração surgem
De seletas palavras poemas apaixonados.

As letras têm almas, todos os poetas já viram,
Porém nunca as temem, os que amor já sentiram.

Eu vivo a esperar...

O relógio despertar...
O café esquentar...
O banho acabar ...
O ônibus chegar ...
O percurso começar ...
A viagem terminar ...
O trabalho começar ...
O site carregar ...
O trabalho terminar ...
O ônibus voltar ...
A viagem começar ...
O percurso terminar ...
O banho acabar ...
A comida esquentar ...
O sono chegar ...
O amor chegar ...
Eu vivo a esperar ...
O relógio despertar ...

Labirinto

Todos os humanos estão no mesmo labirinto,
Os que se perdem na primeira quadra são os loucos,
Os que ficam na segunda são os cegos,
Os que se erguem na terceira, são como eu.
Os loucos só conseguem ver as paredes sem fim, sem saída,
Os cegos, nada querem ver, já sabem: sua casa é o labirinto.
E eu, construo escadas, pra lá do alto ver todo o labirinto.
E a saída? Nem a procurei!

Teatro

À ti meu Palco
Cortinas abertas,
Platéia lotada.
À ti meu ato,
Minha Julieta,
Minha fada.
À ti minha história
No amor
Eternizada.

Mente Coca Zero

Amo tua mente coca que cola,
Que mesmo sem Jorge é Amado,
Assina meu livro.
Desenha meu riso à Monet,
Para no sinal verde,
E desdiz o já dito.

Guardas amor na caixa de pandora.
Caju de janeiro! Noiva de março!
Seu cuco morto! Está perdendo a hora.